Engana-se quem pensa que só de corrida e polichinelo são feitas as aulas de Educação Física. A disciplina, muito além de promover a saúde e o bem-estar dos estudantes, e disseminar saberes sobre esportes, amplia os conhecimentos sobre modalidades esportivas de outros países e culturas. Em outras palavras, descortina um universo de lazer e saúde que compreende saberes corporais, experiências estéticas, emotivas e lúdicas.

Na Escola Sesc de Ensino Médio, além das disciplinas de natureza esportiva, cultural e/ou de lazer oferecidas pela equipe de Educação Física (tanto no currículo regular, como no hackeado), os estudantes ainda participam de atividades complementares – como os torneios Interturmas. Neles, cada turma das três séries compõe um time que vivencia a experiência da competição. O objetivo é desenvolver também o aprendizado de conceitos fundamentais para uma formação humanística e cidadã, como trabalho em equipe e espírito esportivo.

No mês de maio, a 1ª e a 3ª séries participaram de Interturmas. Os estudantes veteranos competiram, no dia 9, no campo de futebol externo, Ultimate Frisbee 2018. O torneio alinhou-se ao conteúdo oferecido pela Ed. Física para a 3ª série no 1º trimestre do ano, que abordou alguns esportes internacionais, como rúgbi e flag football (além de frisbee). Na competição, não havia árbitro para verificar a pontuação ou as técnicas de lançamento do disco (como backhand, forehand, hammer ou scoober): o objetivo era a integração entre os participantes e o fair play.

Cultura brasileira

Com o Interturmas, os estudantes da 1ª série, além da integração entre os participantes e da prática de atividade esportiva, promovem o resgate e a valorização de um componente importante da cultura brasileira: as tradições indígenas. Jogos e danças de diversas etnias indígenas do país compõem as atividades do Intertribos – variação do Interturmas especialmente desenhada para os estudantes calouros, cuja edição 2018 ocorreu em 2 de maio.

As competições foram desenvolvidas a partir das existentes no escopo dos Jogos Indígenas Brasileiros (JIB) – evento organizado pelo Comitê Intertribal Indígena, com o apoio do Ministério do Esporte, e cuja primeira edição ocorreu em Goiânia, em 1996. Entre as modalidades adaptadas para o Intertribos estão peteca, cabo de guerra, corrida com tora, arremesso de lança e revezamento de cocar. Após o grito de guerra, cada turma, pintada e caracterizada, se lança ao torneio – sempre alinhada ao mote do JIB: “O importante não é competir e, sim, celebrar”. Afinal, trata-se de uma grande aula, que visa reforçar os conteúdos de Educação Física aprendidos no trimestre (fazendo conexões também com outras disciplinas, como História, Artes e Sociologia) e integrar os alunos e alunas da Escola Sesc. Ainda assim, há troféus – confeccionados no Espaço Maker.

Linguagem, corporeidade e expressão são alguns dos conceitos trabalhados no Interturmas – sejam por meio de esportes internacionais, jogos e danças indígenas ou modalidades esportivas coletivas mais tradicionais, como handebol, basquete e futebol – modalidade esta que estará em campo no Interturmas da 2ª série, em agosto.

Não só atividade de lazer, nem apenas promotora da saúde (ainda que realize ambas), a Educação Física, segundo a Base Nacional Comum Curricular, do Ministério da Educação, “é o componente curricular que tematiza as práticas corporais em suas diversas formas de codificação e significação social, entendidas como manifestações das possibilidades expressivas dos sujeitos, produzidas por diversos grupos sociais no decorrer da história”. Para além de seus objetivos, a participação nos torneios Interturmas faz muito bem ao corpo e à mente – ao menos é essa a conclusão que se chega ao ver a alegria nos rostos de estudantes e docentes participantes.

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