De 11 a 26 de junho, longas e curtas-metragens, documentais e de ficção, de novos e consagrados cineastas nascidos ou atuantes no estado fluminense iluminam a tela do Espaço Cultural Escola Sesc – é a etapa Rio de Janeiro da 2ª Mostra Sesc de Cinema.Com sessões gratuitas às segundas e terças-feiras (nos dias 11, 12, 18 e 19 de junho), a partir das 19h (com distribuição de ingressos a partir das 18h), esta etapa da 2ª Mostra Sesc de Cinema apresenta os 17 filmes selecionados entre os 139 inscritos apenas no estado do Rio de Janeiro. No total, cerca de oito horas de filmes serão exibidas.

Após as sessões, cineastas, elenco e equipe conversam com o público em um debatedescontraído e aberto à participação de todos.

A noite de encerramento (26 de junho) é dedicada à cerimônia de premiação. A partir das 19h30, ocorre exibição de curtas-metragens indicados para concorrer na Mostra Nacional e, em seguida, cerimônia de premiação. Na etapa fluminense, os filmes indicados são premiados com contratos de licenciamento para exibição pública no estado e certificação para os destaques em categorias especiais, como roteiro e direção de fotografia.

PluralidadeEntre os realizadores que tiveram trabalhos selecionados este ano estão nomes de peso como o cineasta Silvio Tendler, diretor de documentários como Encontro com Milton Santos(2006) e Os Anos JK (1981), entre outros. Seu último longa-metragem, Dedo na Ferida (2017, na foto acima), abre a programação da Mostra Sesc de Cinema (no dia 11) com uma crítica contundente à lógica capitalista da sociedade contemporânea.

A mostra tem espaço também para jovens realizadores, como Gabriel Figueira (do curta O Churrasco, exibido no dia 11), Thiago Kistenmacker (curta Ontem, no dia 19), Carla Villa-Lobos, do Coletivo Carne e Osso, formado por alunas do curso de Rádio e TV da UFRJ (curta Mercadoria, no dia 19) e Swahili Vidal (curta Cabelo Bom, no dia 18, na foto abaixo). Novos olhares sobre temas como linguagem cinematográfica, transexualidade, prostituição e racismo.

Mostra Sesc de CinemaA Mostra Sesc de Cinema tem como objetivo principal promover a difusão da produção cinematográfica brasileira – especialmente aquela que não chega ao circuito comercial de exibição. Assim, pretende contribuir para o campo audiovisual e se firmar como um espaço de lançamento e promoção de artistas de todo o país.

PROGRAMAÇÃO

11 de junho, segunda-feira, 19h

Dedo na Ferida | Documentário, 91’, 2017, livre | Direção: Silvio Tendler

Dedo na Ferida trata do fim do estado de bem-estar social e da interrupção dos sonhos de uma vida melhor para todos em um cenário em que a lógica homicida do capital financeiro inviabiliza qualquer alternativa de justiça social. Milhões de pessoas peregrinam em busca de melhores condições de vida, enquanto a perversão do capital só aspira a concentração da riqueza em poucas mãos. Neste cenário de tensões sociais, intelectuais lutam para transformar o mundo, levantando temas como o fim dos direitos sociais, o desemprego, o mercado e o consumo.

O filme traz entrevistas com o cineasta Costa-Gavras; Yanis Varoufakis, ex-ministro das Finanças da Grécia; Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil; os intelectuais Maria José Fariñas Dulce (Universidade Carlos III, Espanha) e Boaventura de Souza Santos (Universidade de Coimbra), entre outros.

Travessia | Documentário, 14’, 2016, livre | Direção: Thiago Antunes

Travessia (foto abaixo) apresenta o percurso de jovens poetas do ritmo nas rodas culturais da Zona Norte do Rio de Janeiro, nas chamadas Batalhas de Sangue e de Poesia. Mais do que o desafio do rap nas fases que definem a disputa, o curta-documentário ilustra, sensivelmente, a travessia da palavra, viva como a nossa língua, transformada em instrumento de luta e resistência da juventude favelada e periférica da cidade. Ideias que encontram o papel e saltam ao microfone.

O Churrasco | Ficção, 5’30”, 2017, 10 anos | Direção: Gabriel Figueira

Um churrasco de aparências, em que o vazio predomina em todas as instâncias.

12 de junho, terça-feira, 19h

Delicadeza é Azul | Documentário, 71’, 2017, livre | Direção: Yasmin Garcez

Famílias, médicos e professores relatam os desafios e as belezas da convivência com o Transtorno do Espectro Autista, que atinge, hoje, cerca de 1% da população mundial. Por tratar-se de um transtorno que, muitas vezes, altera a percepção sensorial do indivíduo, artistas convidados falam sobre o que seria o valor funcional e poético de cada um dos cinco sentidos humanos: o cantor Ney Matogrosso fala sobre audição, a perfumista Veronika Kato sobre olfato, a artista plástica Suzana Queiroga sobre tato, o fotógrafo Bob Wolfenson sobre visão e a chef Roberta Sudbrack sobre paladar. Norteado pela delicadeza, o filme mergulha no universo de milhões de famílias que mostram o valor do respeito e do amor como elementos transformadores de uma realidade que convoca para uma conscientização cada vez mais urgente de que ser diferente é normal. (foto abaixo)

Epílogos | Ficção, 9’, 2017, 16 anos | Direção: André Glasner

Epílogos é uma história inspirada livremente pela música Trocando em Miúdos, de Chico Buarque, que mostra momentos decisivos na vida de Ana e Miguel. À beira da separação, o casal prepara a mudança. Entre caixas, discos e memórias, um livro se transforma na desculpa perfeita para ficar ou partir.

Boca de Fogo | Documentário, 9’, 2017, livre | Direção: Luciano Pérez Fernández

Cidade de Salgueiro, sertão de Pernambuco, Brasil. Na arquibancada, o sol castiga os torcedores. No rádio, Boca de Fogo incendeia a transmissão.

Fantasia Improviso – Primeiro Movimento | Ficção, 21’, 2016, livre | Direção: Duda Gorter

Esta é a história de Laura, uma professora de piano de meia idade, insatisfeita com sua vida e seu casamento. Ela conhece um novo aluno de piano e o entusiasmo da sua chegada a faz refletir sobre o mundo ao seu redor.

18 de junho, segunda-feira, 19h

Mataram Nossos Filhos | Documentário, 71’, 2016, 14 anos | Direção: Susanna Lira

O Brasil é o país que mais mata no mundo, a maioria jovens, que perdem precocemente a chance de viver seus sonhos e desejos. Mataram Nossos Filhos (foto abaixo) constrói uma narrativa poética acerca da jornada das Mães de Maio, grupo liderado por Débora Silva, que forja para si um novo lugar a partir da tragédia da perda de seus filhos. Eles não vão voltar, mas o que está ao alcance dessas mães é a batalha pela memória e pela justiça, transformando o luto em luta, o sofrimento em esperança, a dor em reação.

Canta um Ponto | Documentário, 26’, 2016, livre | Direção: Luciano Dayrell e João Paulo Silveira

A partir dos cantos entoados na forma de pontos de jongo, o documentário constrói um relato poético do Jongo de Pinheiral, permeado de causos, festas, mistérios, memória e resistência política.

Cabelo Bom | Documentário, 15’, 2017, livre | Direção: Swahili Vidal e Claudia Alves

Como as mulheres negras são pressionadas esteticamente para que se enquadrem em padrões pré-estabelecidos? Este documentário propõe um recorte desse universo. O filme dá voz a três personagens que expõem a relação entre elas e seu cabelo crespo. Essas mulheres conseguem contar suas trajetórias de vida, em histórias de preconceito, e mostrar como a autoaceitação de suas raízes, capilares inclusive, foi e é fundamental para se afirmarem como mulheres negras em um país como o Brasil.

19 de junho, terça-feira, 19h

O Vestido de Myriam | Ficção, 15’, 2017, 12 anos | Direção: Lucas H. Rossi

Em uma casa pacata, um casal de idosos convive com as limitações da velhice. Divaldo compartilha sua solidão com Myriam. Ela morre durante o sono e, no dia seguinte, ele a enterra no quintal de casa. Após o enterro, ele manifesta o luto de forma peculiar.

Yeda Brown – Efeito Borboleta | Documentário, 6’30”, 2017, livre | Direção: Pedro Murad

O bater asas de uma borboleta pode causar um tufão em outra parte do mundo. Um simples nome é como esse bater de asas. O filme traz um breve relato de Yeda Brown, a primeira transexual brasileira (transgenitalizada em 1975), musa da transição espanhola após a morte de Franco e última musa de Salvador Dali, que precisou esperar 40 anos para ter seu nome reconhecido pelo Estado brasileiro. Algo aparentemente simples como um bater asas de uma borboleta, mas significativo como um tufão.

Ícaro | Ficção, 11, 2016, 12 anos | Direção: Carla Shah

Dentro de um elevador está Ícaro, um jovem ascensorista. Restrito diariamente a um espaço pequeno, seus pensamentos divagam enquanto escuta seu único companheiro, um velho rádio de pilha. Ilustrado por uma sequência surrealista, surge um colapso mental do personagem, no qual ele dança loucamente, perdendo o controle sobre seu corpo. Com base na tragédia grega, Ícaro (foto abaixo) é uma adaptação moderna brasileira de uma luta icônica; um homem que busca a libertação.

Mercadoria | Ficção, 15’, 2017, 14 anos | Direção: Carla Villa-Lobos

A partir da chegada de uma novata, seis mulheres compartilham suas experiências, desejos e medos no trabalho com a prostituição.

Ontem | Ficção, 14’, 2017, 16 anos | Direção: Thiago Kistenmacker

Um encontro entre duas mulheres é interrompido por uma delas. Ela foge da intimidade e, na mesma noite, conversa com seu passado através de sua vivência trans, refletindo a criança que se perdeu no caminho.

Pedacinho do Céu | Ficção, 15’30”, 2016, livre | Direção: Caio Alvarenga

No coração do Rio de Janeiro, no ponto mais alto e isolado da favela Pedacinho do Céu, mora Maria da Graça, a abnegada e batalhadora mãe de Pedro, que trabalha duro para manter os estudos de seu filho. Ele, por sua vez, aguarda ansiosamente o resultado do vestibular. No contexto de uma sociedade competitiva e desigual, o fracasso de Pedro pode selar definitivamente a sua sorte, mas a vitória e a superação também podem cobrar seu preço.

Valentina | Ficção, 17’, 2017, livre | Direção: Estevão Meneguzzo e André Felix

Valentina precisa tomar uma importante decisão em sua vida enquanto trabalha na preservação de filmes na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

 

26 de junho, terça-feira, 19h30

Exibição de curtas indicados para concorrer na Mostra Nacional + cerimônia de premiação

Ícaro

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