O Sonora Brasil é considerado o maior projeto de circulação musical do país. São cerca de 450 concertos por ano, em mais de 100 cidades – a maioria distante dos grandes centros urbanos –, a fim de possibilitar que mais pessoas tenham contato com a qualidade e a diversidade da música brasileira, e contribuindo, assim, para a formação de plateia. O projeto – que comemora 20 anos em 2018 – é realizado por meio de apresentações musicais de caráter essencialmente acústico, valorizando a autenticidade sonora das obras e de seus intérpretes. Neste ano, o tema apresentado no Rio de Janeiro será Na pisada dos cocos.

PROGRAMAÇÃO

17 de setembro | 19h30

Palco do Teatro (100 lugares)

Coco de Zambê

Grupo formado por Didi (Djalma Cosme da Silva), Uzinho (Severino de Barros), Tonho (Antonio Cosme de Barros), Mestre Mião (Damião Cosme de Barros), Zé Cosme (José Cosme Neto), Kéké (Ckebesson da Silva), Pepé (Ederlan da Silva) e Beto (José Humberto Filho de Oliveira) apresenta o coco de zambê, expressão cultural que, segundo pesquisadores, chegou aos engenhos de cana-de-açúcar e colônias pesqueiras da região do litoral sul do Rio Grande do Norte (principalmente no município de Tibau do Sul) por meio de africanos escravizados. Esse importante elemento identitário de comunidades quilombolas, resgatado no fim do século 20 por pessoas preocupadas com seu desaparecimento, tem em sua base a presença de dois tambores: o próprio zambê, também conhecido como pau furado ou oco de pau, que é maior e mais grave; e o chama, ambos construídos artesanalmente com troncos de árvores da região. A música se caracteriza como um canto responsorial, puxado pelo mestre e respondido pelo coro, e a dança ocorre numa roda que mantém os tocadores no centro. Os brincantes se revezam reverenciando o tambor e realizando passos livres de grande energia que lembram movimentos da capoeira e do frevo. Uma de suas principais características é o fato de ser praticado apenas por homens.

18 de setembro | 19h30

Teatro (600 lugares)

Exibição do filme Caminhos do Coco

Contemplado com o Prêmio Funarte de Arte Negra 2012, o documentário Caminhos do Coco registra a memória do coco, ritmo da cultura popular do Nordeste brasileiro. Presente do litoral ao sertão, passando por quilombos e áreas rurais, o coco é uma expressão artística que se apresenta ao mundo como parte da cultura popular nordestina, em riqueza e diversidade. No total, seis estados estão representados no longa-metragem – Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará –, que contou com a participação de oito mestres e/ou grupos de variadas formas de se fazer o coco. Direção, roteiro e montagem: Joice Temple. Duração: 1h31.

19 de setembro | 19h30

Palco do Teatro (100 lugares)

Coco do Iguape

Vêm da Praia do Iguape, em Aquiraz (a 30 km de Fortaleza), Mestre Chico Caçoeira (Francisco Ricardo das Chagas), Klévia do Iguape (Klévia Cardoso da Silva), Moisés José da Costa, Carmem Silva da Costa Miranda, Gatinho (João Anastácio de Carvalho), Caboquim (José Ailton da Costa Miranda), Francisco Vieira da Silva e Adonai Ribeiro. Eles praticam a pesca artesanal, principal atividade econômica da região, e se dedicam à prática do coco do iguape. O grupo se apresenta descalço, com vestimentas feitas artesanalmente com o mesmo tecido das velas das jangadas e tingidas com a tinta retirada da casca do cajueiro azedo. O coco do iguape tem uma característica peculiar que é o andamento mais acelerado e uma dança mais “pulada”. A música mantém a estrutura de refrão fixo, apresentado pelo mestre e cantado pelos brincantes, e estrofes emboladas pelos mestres, algumas criadas no calor da brincadeira. A dança ocorre em pares, um de cada vez no meio da roda, com trocas constantes marcadas pelo convite feito com o gesto da umbigada, e, apesar da prevalência de homens, não há restrições à participação das mulheres. Os instrumentos utilizados pelo grupo são o caixão (espécie de cajón), caixa de madeira sobre a qual o tocador se senta, e o ganzá, espécie de chocalho feito com latas reutilizadas – ambos fabricados pelos próprios integrantes. O triângulo, pouco encontrado em grupos de coco, foi inserido a partir de influências externas.

20 de setembro | 19h30

Palco do Teatro (100 lugares)

Samba de Pareia da Mussuca

Uma das tradições herdadas dos antepassados quilombolas dos moradores do povoado de Mussuca, no município de Laranjeiras, a 23 km de Aracaju, é o samba de pareia. A atividade teria surgido há mais de 300 anos, entre os escravos nos canaviais, como uma forma de ocupar o pouco tempo de descanso que tinham. O nome viria do fato de ser dançado em pares. Hoje, na Mussuca, ele é dançado por mulheres, contando com a presença de homens apenas como tocadores que sustentam o ritmo com dois tambores médio-graves e uma porca (cuíca). Completa a instrumentação um ganzá, tocado por uma das mulheres. A pisada dos tamancos das dançadeiras apresenta-se como o principal elemento rítmico. O samba de pareia é uma dança coreografada, com trajes padronizados. As letras das músicas fazem alusão a situações do dia-a-dia, normalmente com muita irreverência. Dona Nadir é a mestra do grupo formado por Mangueira (Acrisio dos Santos), Carmélia dos Santos, Elenilde da Silva, Maria Edenia dos Santos, Maria Ednilde dos Santos, Cecé (Maria José dos Santos), Maria Lucia Santos, Maria Luiza dos Santos, Maria José dos Santos e Normália dos Santos.

21 de setembro | 19h30

Palco do Teatro (100 lugares)

Coco de Tebei

O coco de tebei é praticado por um grupo de agricultores e tecelões da comunidade Olho D’Água do Bruno, no município pernambucano de Tacaratu, no Médio São Francisco. De acordo com relatos, essa prática cultural está associada à construção de casas de taipa, quando as famílias se reuniam em adjutório para “taipar” uma nova casa – processo rústico de tampar com barro artesanal as treliças de bambu ou galhos de árvores que formavam as paredes. Cantado por mulheres e dançado por casais, o coco de tebei não utiliza instrumentos e tem base rítmica marcada pela pisada dos dançadores. Sua sonoridade – contrastante, com o metal das vozes femininas e o som seco da pisada no chão – remete, de certa forma, a um ritual indígena. Também faz parte da memória do grupo a cantoria do rojão, associado ao uso da enxada na preparação da terra para o plantio. O grupo é formado por pelas cantadeiras Maria do Carmo de Jesus, Nivalda Rosa Gomes do Nascimento e Maria Nazaré Nunes dos Santos, e pelos dançadores José Lira dos Santos e Janaína Maria dos Santos, Edna Nivalda do Nascimento Silva e Agnaldo José da Silva, Genivaldo Lira dos Santos e Edilane dos Santos.

A programação é gratuita. Compartilhe com seus amigos!

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